Aos onze anos, fugi de casa para pintar meus cabelos... O desejo de tornar-me loira era maior do que o bom senso. Primeiro fui pedir autorização à minha mãe, que cansada de ouvir minhas súplicas, trancou-se no quarto. Foi o momento certo para "pegar" dinheiro na sua bolsa; eu sabia muito bem onde era o "esconderijo" preferido dela, e correr para o cabeleireiro que havia inaugurado, naquela semana, na minha rua. Entrei confiante e pedi para a profissional que me transformasse em loira... Por sorte, uma moça muito bonita, de cabelos claros, estava de saída quando cheguei... O cabelo bem tratado e claríssimo, me hipnotizou...
- Igual aquele... Pedi.
Senti uma emoção tão forte que jamais esqueci... Um pouco pela transgressão... Ou por ter sido a primeira vez que decidia algo importante... Sentei-me na cadeira indicada e sorri ao olhar-me no espelho.
Sabia que a partir desse dia nunca mais seria a mesma... Foi fato!
Bem, não demorou muito para descobrirem minha fuga e refúgio... Confesso que fiquei surpresa quando avisaram que havia uma ligação para mim... Era meu pai, usando toda autoridade possível:
- "Venha imediatamente para casa, assim como estiver!"
- Agora não posso; retruquei. Vai ter que esperar um pouco... Estou com tinta no cabelo!
Entendi que a bronca seria inevitável e imensa... então, melhor seria ouvi-la, pelo menos, maravilhosa!
E decidi ficar.
Voltei loiríssima e feliz! Meus pais perceberam que nada mudaria meu humor e satisfação. Resolveram se calar...
Desfilei minha cabeleira loira e enorme por todos os lugares. Na escola virei notícia... Tornei-me popular!
Depois de vinte dias, a raíz denunciava a cor original dos meus fios: castanhos claros... Fiquei desesperada. Tinha apenas onze anos e nenhum dinheiro para retornar ao salão.
Minha mãe foi compreensiva, maravilhosa, e não me condenou a um visual desleixado... Poderia, como castigo, deixar-me amargar com duas cores no cabelo... Ao invés disso, me arrastou até o cabeleireiro mais sofisticado da cidade...
Conheci, na época, o mestre das tesouras: Felippo, era seu nome... Ele quase desmaiou com o meu visual tão inapropriado para minha idade... Achou "cafona", mal feito, um lixo...
Consertou tudo: da cor ao corte... Saí de lá exibindo um castanho claro, cor original, com finíssimas luzes douradas. Chiquérrima! E um corte, segundo ele, no estilo "pantera", base quadrada, na altura dos ombros e repicado na frente...
De lá para cá, visitei muitos salões das cidades que morei ou visitei... Já encontrei profissionais que me perguntaram porque nunca abri um salão... Não tive a oportunidade!
É comum, estar em alguma loja especializada em cabelos e alguém me pedir informações... Acho engraçado! Como percebem que conheço esse "universo"?
Já tive o cabelo de quase todas as cores... Não resisto a uma novidade! Fiz permanente, duas vezes; foi uma grande bobagem e usei, por vezes, apliques... Não tenho medo de mudar!
E acabei no dermatologista, precisando de tratamento para os fios tão fragilizados!
Loucuras à parte, hoje estou equilibrada. Parte da maturidade e excesso de conhecimento que não permite mais desajustes... Não faço da minha cabeça um laboratório de química...
Busco simplicidade, sem perder o estilo e sensualidade. Mas ainda quero um cabelo maravilhoso!Porém, único...
Esse é meu hobby; talvez seja meu pecado... Certamente é uma das minhas paixões...
Depois de tantas pesquisas, relatos e histórias, decidi criar esse blog... Para dividir o que já descobri e buscar auxílio para muito mais. Porque felizmente sempre há algo diferente... E eu ADORO!!!
Beijos...
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